A importância da estrutura de ganho

Estrutura de ganho é um conceito muito utilizado em áudio profissional. Entender sobre estrutura de ganho é fundamental para uma boa mixagem seja ela em estúdio ou shows ao vivo.

 

O que é “ganho”?

Ganho é basicamente a amplificação de um sinal. Quando aumentamos a voltagem de um sinal, isto é ganho.

Se pensarmos em um sistema seja estúdio ou ao vivo, estamos falando de uma sequência de ganhos elétricos e como explica o engenheiro Luis Fernando Cysne na Backstage 148:

” Vejamos o exemplo de um pequeno sistema formado por um mixer e por um amplificador. De cara, podemos identificar os seguintes pontos de ganho: os prés dos canais (gain), os faders dos canais, os masters faders e o atenuador de entrada do amplificador. Fica fácil imaginar que há infinitas formas de se combinar ganhos diferentes naqueles pontos para se chegar a um mesmo ganho global, definido em decibéis. Entretanto, apenas uma dessas formas nos levará à melhor relação sinal/ruído. Geralmente essa melhor forma é aquela na qual se toma o máximo ganho possível o mais cedo possível. E este acaba sendo o mandamento fundamental da estrutura de ganho”

Estrutura de ganho no estúdio

Numa gravação em um estúdio temos como preocupação básica gravar com um excelente sinal/ruído e sem clipar o sinal (distorção). Se você usa periféricos externos deve prestar atenção na cadeia de ganhos para tirar proveito de uma boa estrutura de ganho.

Muita gente ainda acredita no mito de que gravar bem é gravar alto, o que está certo e errado, tal  como explicamos no artigo: ” A vantagem de gravar em 24 bits ” .    porém deixando uma margem pra um headroom de 3 – 6 db,  fará com que o sinal mantenha um bom nível durante todo o percurso.

Não abaixe demais o sinal em uma parte da cadeia para aumentar em outra por exemplo, abaixar o volume em um plugin de equalização para aumentar o sinal usando um compressor.

Se você usou vários plugins  em um canal, monitore os sinais de entrada e saída na cascata. Assegure-se que nada esteja distorcendo e se caso esteja, ajuste o ganho de  saída de um plugin e o de entrada do próximo plugin. Caso nenhum desses controles estiverem disponíveis, inserte um plugin de ganho entre eles e ajuste corretamente.

Tente nunca clipar seus canais de entrada e JAMAIS deixe sua saída( master output) clipar. Caso ocorra refaça sua mixagem para uma melhor estrutura.

Lembre-se que abaixar o “master fader” para que não atinja o pico de distorção no “master output meter”  não resolve o problema. O ideal é sempre deixar o master em  Zero db e estruturar sua mixagem de forma que não “clipe”.

Em uma mixagem no domínio digital você deve sempre evitar clipar qualquer canal, seja de entrada ou de saída. Só assim você terá êxito na sua estrutura de ganho e uma mixagem mais limpa e de quebra dará menos trabalho ao técnico de masterização.

Estrutura de ganho em shows ao vivo

No caso de shows ao vivo há alguns fatores que devem ser levados em consideração antes de uma correta estrutura de ganho.

O dimensionamento do equipamento ao local do evento e o nível de pressão sonora que deseja atingir está diretamente relacionado a forma de estruturar sua mixagem. Supondo que tudo esteja em uma condição ideal de trabalho o pensamento é sempre o mesmo:

Ajustar o ganho do pré amplificador antes do fader (PFL), levar em conta os periféricos e/ou plugins insertados no canal e o correto ajuste de ganho entre eles na cascata, e na somatória de canais não deixar o master “clipar”.

Se você usar sempre o conceito de nunca saturar o seu sinal em nenhum estágio do sinal, pré-aplificador, equalizador, compressor, saída da mesa, processador do sistema, amplificadores, você estará no caminho certo de uma boa estrutura de ganho.

Estrutura de ganho é um conceito básico no áudio que é pouco levado em consideração. Este artigo é apenas uma introdução ao assunto e uma explicação leiga de um assunto complexo. Pergunte aos mais experientes, estude, observe, experimente, com um pouco de prática você entende de estrutura de ganho sem precisar entender de números complicados ou cálculos mirabolantes de engenharia.

Este artigo é inspirado em uma série de outros artigos fruto de um estudo sobre o assunto: Revista Backstage, diyaudio.com, audiotuts.com .