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sábado , 30 novembro 2024

Como analisar uma mixagem?

O processo de mixagem é nada mais que usar a técnica a favor do seu julgamento sobre o que é agradável ou não aos seus ouvidos. E analisar uma mixagem é uma fonte interminável de idéias.

As vezes quando aprendemos uma arte, é muito difícil olhar ela como um todo. Por exemplo, enquanto assistem filmes, estudantes de cinema  podem analizar o movimento das câmeras, edições, sincronia, luz ou atuação. É difícil para estes estudantes parar de analisar tudo isso e apenas curtir o filme, justamente como eles faziam quando crianças. Para nós que trabalhamos com áudio não é diferente, mas engenheiros de mixagem experientes sabem que é possível trocar o estado da sua escuta musical,  escutando a música sem pensar o quão grande é o reverb da caixa, ou o som do kick do bumbo, etc…

Embora seja muito menos agradável analizar os aspectos técnicos de um filme enquanto assistimos, isso pode fazer estudantes ótimos cineastas. Sentar, olhar e aprender como os mestres fizeram. – Simples!

O mesmo vale para a mixagem. Cada música  não importa se o som está bom ou ruim  é uma aula de mixagem. Esse aprendizado é apenas uma questão de apertar o play  e perceber o que foi feito.

A sua biblioteca de músicas está repleta de aulas de mixagem

Temos infinitas coisas para perceber no som enquanto analizamos a mixagem de alguém. E aqui vão algumas sugestões de perguntas para serem feitas a si mesmo durante a audição de uma mixagem.

  • O quão alto estão os instrumentos em relação a outros?
  • Como os instrumentos estão “paneados” ( PAN )?
  • O que diferentes instrumentos causam no espectro de frequências?
  • O quão distantes os instrumentos estão longes um do outro?
  • Quanta compressão foi aplicada e onde?
  • Existe alguma automação?
  • Qual o tipo e o tempo do Reverb?
  • Os instrumentos estão definidos?
  • Quais aspectos da mixagem mudam enquanto a música avança?

Uma rápida demonstração pode ser feita aqui.

Vamos analizar os primeiros 30 segundos da Música do Nirvana ” Smells like teen spirit” Mixada pelo mestre Andy Wallace ( clique aqui para ver uma entrevista com ele )

  • A sobra do reverb na guitarra crunch é audível após o primeiro acorde (0:01).
  • Tem um ruído estranho de guitarra no lado direito, um pouco antes da batera entrar… (0:05).
  • A automação  da guitarra quando entra a bateria é bastante perceptível (0:07).
  • Enquanto corre o riff, (0:09 – 0:25) o bumbo é mais forte nas notas da cabeça do tempo, que pode ser algo na performance ou  feito artificialmente na mixagem.
  • Quando em mono, as guitarras perdem um pouco das altas frequências.
  • O reverb da caixa muda duas vezes. Existe um antes do segundo 0:09, daí não se escuta mais o reverb até 0:25 onde entra outro reverb.
  • A partir do segundo (0:25) todos os bumbos tem o mesmo som, o que poderia ser trigger ou edição.
  • Nesse trecho também é possível ouvir o reverb no bumbo
  • A bateria está com o pan na visão do público.

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Também podemos usar algumas técnicas para descobrir o que foi feito na mixagem. Como:

  1. Mutar um dos canais pode te dar pistas sobre a informação estéreo da música.
  2. Usando filtros você pode entender como os instrumentos foram equalizados.
  3. Ouvindo em mono você pode identificar problemas de fase
  4. Você pode inverter a fase de um dos lados e depois ouvir em mono. Isso vai te dar a diferença entre o L e o R, ficando fácil de perceber os efeitos e ambiência.

Então aproveite para escutar suas músicas favoritas para aprender como foram feitas, e se inspirar com o trabalho de grandes engenheiros de mixagem.

Mãos a obra e bons estudos!

 

Bibliografia: “Mixing Audio” ed. Focal press

Sobre Diego Moreno

Fundador do site, Engenheiro de áudio, apaixonado por música, divide o tempo entre a estrada o estúdio e a constante atualização do site.

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Vou mais uma vez causar polêmica e discussão com este post, pois sei que muita gente que segue o blog faz ou já fez, concorda ou discorda de alguns desses mitos que eu vou comentar agora:

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