A tecnologia cada dia tem aumentado trazendo novas possibilidades e inovações. Hoje é difícil encontrar consoles para live sound que façam um número de saídas insuficiente para trabalhos profissionais. Mas uma pergunta fica sempre em minha cabeça, por que alguns engenheiros mesmo tendo infinitos recursos em mãos preferem não arriscar e se desafiar ? Porquê podendo mixar todas as saídas para in ear estéreo insistem em usar mono ? Quero aqui neste post deixar algumas razões para usar sua mixagem para in ear estéreo.
COMPATIBILIDADE COM AUDIÇÃO NATURAL
A percepção de direcionalidade do som no ouvido humano ocorre através do processo de correlação cruzada entre os dois ouvidos. A diferença de tempo entre a chegada do som num ouvido diferente do outro acaba nos fornecendo a informação de onde o som está sendo emitido, se da direita ou esquerda. Se o ser humano não é mono, porquê escutar mono? Mixagem estéreo além de ser uma forma mais abrangente de mixar é o modo mais compatível com a escuta natural dos seres humanos.
POSICIONAMENTO E IMAGEM SONORA
Assim como um pintor que observa uma imagem real e a transporta para um quadro, mixar em estéreo permite criar quadros sonoros. Podemos ver no palco a posição física da banda e transportar isso para a mixagem de modo a criar uma imagem sonora. Sendo para esquerda, direita ou até no centro , o limite de posicionamento é o nosso campo estéreo, podemos pintar como desejarmos e opções criativas não faltarão.
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CLAREZA E PERCEPÇÃO
Imaginem a mixagem mono como uma única fila de pessoas em linha reta. Vendo uma pessoa atrás da outra você conseguiria dizer com clareza qual está de bermuda ou calça, de chinelo ou tênis, de camiseta laranja ou preta? Talvez você até diga que sim, mas garanto que não conseguiria me informar todos os detalhes. Mas porque isso acontece? Devido a sobreposição de pessoas os detalhes a frente ficam ocultos. Mas se pedíssemos para que cada pessoa desse um ou mais passos para esquerda ou direita, com certeza a clareza e percepção viria à tona. O mesmo acontece com a mixagem estéreo, o PAN são esses passos para direita ou esquerda. Deslocando as peças no estéreo podemos obter maior clareza e melhor percepção sonora.
MENOR QUANTIDADE DE EQUALIZAÇÃO
Como vimos anteriormente, se ao posicionar um sinal de áudio no meu campo estéreo tenho melhora na minha percepção e clareza, precisarei equalizar menos para que este som apareça. Fora as relações de fase e timbre que não são afetadas fazendo o som permanecer o mais natural possível.
REDUÇÃO DE VOLUME ENVIADO
Quando posicionamos o sinal no PAN e permanecemos o mais flat possível o músico que estava lutando para se escutar agora já não sofre mais, pois já distinguimos bem um sinal do outro. O que isso significa? A clareza trouxe uma melhor percepção do sinal no ouvido do músico e esse por sua vez já não precisa de tanto volume para se ouvir. O resultado é uma saúde auditiva preservada e o sistema trabalhando longe de distorções.
DESAFIO ARTÍSTICO
Hoje em dia a monitoração no stage é coisa muito séria e desafiadora. Assim como o público vai para um show esperando ouvir as músicas com a mesma qualidade do CD, os artistas e músicos também tem esperado isso das suas mixagens de monitor. Se CDs são estéreos, não vejo outra opção de monitoração além desta nos fones. Considero que trabalhar desta forma possibilitará todo espaço necessário para que sua mixagem fique mais próxima do resultado esperado. Mixar em estéreo te desafiará a se preocupar com mais fatores além de volume e equalização , exigindo uma boa demanda de tempo e concentração.
Isso vai longe… Por exemplo, ficaria estranho pro músico, ouvir um baixo a direita, sendo que este está a sua esquerda, também se perde SIM, volume… Se cada um tocar isolado, como se vem fazendo com as bandas sertanejas, bandas shows etc, faz sentido, mas quando se busca a interação (e demasiada movimentação no palco) isso fica mui estranho…