Continuando com a parte 2 da entrevista, Chris Lord-Alge fala sobre o ponto de vista artístico e humano.
Se você não leu a parte 1 dessa entrevista, confira o link abaixo:
Eu gostaria de falar um pouco sobre os relacionamentos que você tem com os produtores. Você tem trabalhado muito com o Don Gilmore. Há algum outro produtor com quem gosta de trabalhar?
Vamos aos nomes corretos aqui. Eu mixei a maioria das gravações do produtor Howard Benson. Howard e eu temos temos pelo menos 100 gravações feitas juntos. Nós começamos a trabalhar em 98. Poderia ser mais do que isso. Um dia desses eu vou pedir para um dos meus caras contar, mas eu diria que está chegando entre 1500 a 2000 músicas. Depois do Howard Benson, um outro cliente é o Rob Cavallo que está agora num cargo na Warner Bros. Eu mixo suas produções desde os anos 80. Ele produz Green Day, Shinedown e produziu algumas grandes bandas: Goo Goo Dolls, The Dave Mathews Brand. Ele é o vice-campeão. Então tem o Don Gilmore, Matt Serletic, John Fields e todo mundo nesse momento – Rick Rubin… assim a lista continua com produtores. Eu estou falando nomes da minha cabeça, mas quero ter certeza de colocá-los em ordem; Howard, Rob são tecladistas. Eu fiz todos os CD’s country do Byron Gallimore por 10 anos. Existe, definitivamente, uma lealdade e uma atitude que nós podemos fazer o que quisermos, quando quisermos.
Qual o seu conselho para qualquer estudante ou aspirante se tornar um engenheiro de mixagem?
O conselho é: a sua relação com a banda e com o produtor é o que faz o seu trabalho. Mesmo que você tenha um relacionamento com a banda e o produtor e eles estejam felizes com o que você faz, e queiram que você faça isso o tempo todo, você não tem realmente um título. Isso realmente define quem você é. A banda quer você, o produtor quer você, a gravadora quer que você faça, e eles estão felizes com o que você faz, então você pode se considerar um engenheiro de mixagem nesse momento.
Como você vê a evolução dos negócios agora? A crise da indústria fonográfica no momento, que está acontecendo em todos os países…. Como você a evolução de gravar e vender música hoje?
Eu acho que isso é a nova fronteira hoje. As pessoas ainda, não importa o que, querem música. Nós só queremos que eles paguem por isso. Eles estão pagando por isso de uma maneira diferente. Temos que ser mais criativos em como fazer isso. Ser mais eficientes. No fundo, as bandas ainda querem fazer música. Elas ainda querem gravar e ainda precisam de você para mixar. Ainda teremos pessoas comprando música, só temos que fazer com que elas não a “roubem”. Acho que a excitação nunca foi maior!
Esse é um ponto de vista muito positivo.
Todo mundo está pessimista e desanimado. Bem, isso é apenas a sua atitude. Se você quer ser um pessimista e desanimado, vá trabalhar em um área diferente. Mas até onde eu saiba, a música só ficará melhor e você só tem que ser positivo e fazer isso acontecer.
Qual é a sua lembrança favorita mixando (ou trabalhando) um álbum?
Minhas lembranças preferidas provavelmente seriam das gravações que eu produzi. Todas elas são lembranças favoritas, é difícil dizer “essa foi a melhor”. Acho que os que eu dei mais risadas foram os álbuns que eu produzi da Tina Turner, ou John Miles ou Rick Price ou Joe Cocker, onde sendo o produtor, basicamente fazia uns ajustes na última mix bruta, com os artistas lá dentro, dando algumas risadas e se divertindo.
Você quer dizer que o aspecto desse trabalho é de 60%, 70% humano?
É 100% humano. Não é apenas “business”. É uma coisa pessoal, emocional, que se seu coração não estiver dentro da música, é melhor voltar pro carro e ir pra casa. Você tem que estar emocionalmente ligado na música ou não há como fazer isso.
E suas piores lembranças/momentos de mixagem de todos os tempos?
Definitivamente houveram alguns momentos, não vou citar os nomes das bandas, mas tive brigas feias aqui intermanete com integrantes de bandas. Ninguém concorda com o que você está fazendo. Cada cara sai do estúdio e volta com uma idéia diferente. Isso realmente dificulta quando a banda não progride. Tiveram algumas vezes em que a banda está se separando ou brigando no momento em que você está mixando, ou completamente insegura sobre o que você está fazendo. Não é você, são eles e é isso que torna difícil. Muitas das melhores gravações, eu sempre mixo quando não tem ninguém aqui além de mim, e eu digo isso a eles. As vezes eles são seus próprios inimigos. Não é culpa deles, mas é melhor quando só aparecem no final. Quando eles querem vir aqui e criar guerra, pode acontecer deles retirarem um pouco da magia que você colocou na musica, isolando suas partes favoritas.
Com qual artista você gostaria de trabalhar e por quê?
Eu gostaria de trabalhar com o Paul McCartney, com o Coldplay, quero realmente mixar um álbum completo do U2, não apenas uma ou duas músicas como eu fiz no passado, quero estar no estúdio com a banda. Gostaria de mixar uma nova gravação dos Rolling Stones ciom a banda inteira aqui. Queria ir atrás do último dos moicanos, dos mais altos calibres que ainda restaram, enquanto eles ainda tem algo. É com as maiores lendas absolutas do rock and roll que eu prefiro trabalhar. Claro que eu quero trabalhar com o Muse e Foo Fighters e todas as bandas mais novas, mas eles ainda tem tempo. Quero pegar os caras mais velhos enquanto eles ainda fazem algo. Quero fazer isso enquanto há chances.
Você está contratado para mixar um album de um artista que você ama, mas os requisitos são: menos é mais. Você deve escolher apenas 5 equipamentos. Quais você escolheria e por quê?
Se eu pudesse levar só 5 equipamentos, eu levaria meu limiter de voz prefereido, meu reverb de voz preferido e reverb de bateria. Esses três…
Quais seriam?
Seriam meu Urei Blue1176, meu EMT246 original, meu Sony DRE 2000, também um par de Pultecs no bus, e minha Focusrite Red. Os Pultecs mesmo sendo um par, eu digo que são um equipamento só.
Você está trapaceando (risos)
Eles vem como um par. Com esses 5 equipamentos num rack, eu posso ir a qualquer lugar!
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Traduzido por Karen Ávila
Confira AQUI a entrevista completa em inglês.
Karen Ávila é colaboradora do Áudio Reporter, formada em Produção Musical pela Anhembi Morumbi. Atua como Free lancer em estúdios e shows ao vivo.
Parte 2 bakana, rumo à 3!!!
Tem uma coisa que é a mais pura verdade "As vezes eles são seus próprios inimigos. Não é culpa deles"